terça-feira, 21 de outubro de 2014

Visita Surpresa ao Brasil


Estávamos desde o início do ano com férias planejadas para a Disney em Los Angeles e resolvemos dar uma "esticada" até o Braisl em uma visita surpresa.

Ninguém sabia que estaríamos chegando e quase matamos alguns parentes de susto.
Fomos de Los Angeles à Porto Alegre pela Copa Airlines, com uma conexão rápida na cidade do Panamá.

Ficamos em Montenegro por uma semana e foi ótimo poder passar algum tempo com a família e rever alguns amigos.

Fomos também convidados pelo pessoal do Jornal Ibiá para conceder uma entrevista e compartilhar um pouco da nossa experiência. Abaixo vai uma cópia da matéria e quero agradecer ao Marcos, Vinícius e em especial à Lica pela oportunidate.






As aventuras de uma família montenegrina na Terra dos Cangurus
Experiência. Há seis anos vivendo na Austrália, a família Müller visita cidade natal



“O pai chegou em casa uma noite e disse ‘vamos morar na Austrália?’. Não sabia se ele estava brincando ou se era sério”, relembra Ricardo Cemin Müller, 18 anos. A proposta feita anos atrás era séria e, hoje, a família Müller está em Montenegro apenas de visita. A família de Montenegro formada pelo pai Roberto Carlos Müller, a mãe Carla Cemin Müller e os filhos Ricardo e Gabriel, 16 anos, largou tudo e foi para a cidade de Perth. Na terra dos cangurus há seis anos, todos já são cidadãos australianos.
De acordo com o pai, tudo aconteceu de maneira curiosa. Em 2005, uma amiga da família ficou uns meses no Canadá e voltou maravilhada com a experiência. Ela contou que o Canadá estava buscando imigrantes e Roberto se interessou. “Olhamos o processo, mas o Canadá era muito frio. Descobrimos que a Austrália também fazia isso e por um ano a ideia ficou em banho-maria”, diz.
Em 2007 começou o processo, que levou cerca de dois anos, com a retirada de visto de residente permanente, envio de documentação e exames médicos. A família colocou a casa e todos os móveis a venda e, assim que veio a confirmação do visto, partiu, em dezembro Janeiro de 2009. “Se não desse certo, a gente voltava”, simplificou Roberto.
Chegando lá, as primeiras providências foram acertar documentação e escola para os filhos. Só depois de um mês Roberto foi procurar emprego. A época da mudança da família coincidiu com a crise mundial, e o mercado retraído fez a procura do pai se demorar um pouco mais. “Estrangeiro, sem referência, com um inglês meia-boca... com indicação de um amigo consegui emprego em uma fábrica de pães, mas não me importei. Queria mesmo aprender inglês e ter mais vivência”, conta. 
A experiência de Roberto no Brasil era em informática e, sabendo disso, seus gerentes pediram para que resolvesse uma situação em alguns computadores. Resultado: Roberto trabalhou dois dias na linha de produção e foi para um setor mais próximo de sua área. Depois de dois anos na empresa, outra oportunidade surgiu e Roberto trabalha com business intelligence.
Na escola, os filhos não passaram por dificuldades para se enturmar. Ricardo conta que no primeiro dia de aula, dois conselheiros da escola o acompanharam. “No primeiro dia me senti sozinho, mas me ajudaram. Dei sorte de pegar um professor que gesticulava bastante e em uns cinco meses eu estava habituado”, conta. Gabriel explica que as escolas funcionam das 9h às 15h e o calendário escolar prevê férias mais curtas mais vezes ao longo do ano. “É bem mais relaxado e temos férias quatro vezes ao ano”, diz o mais jovem. 
O ensino primário tem sete níveis e, depois, os estudantes passam pelo ensino secundário, ou a High School, que tem cinco níveis e é equivalente ao Ensino Médio no Brasil. “Temos mais escolhas de matérias. Nos últimos anos podemos escolher o que vai nos preparar para a universidade. Eu fiz física e design gráfico e digital”, diz Ricardo, que já está no primeiro ano do Ensino Superior.
Diferente do que muitos pré conceitos julgariam, a família brasileira não sofreu nenhum tipo de discriminação. Pelo contrário. “Eles acham o máximo. Os australianos sempre foram muito receptivos e nos trataram bem. Claro que falavam do samba e do futebol”, aponta a mãe. 

As diferenças marcantes entre Perth e Montenegro
Não bastando o título de família de coragem, os Müller também são uma família de sorte. Na Austrália, ganharam a promoção de uma loja e receberam uma viagem para a Disney de Los Angeles. Depois de visitar o Mickey, resolveram fazer uma surpresa para os velhos amigos e familiares dando uma “esticadinha” até Montenegro.
Em uma primeira impressão, Roberto diz que a cidade cresceu. “Nossa, nos chamou muita atenção a quantidade de carros”, avalia. O fato de ter que passar por um detector de metais para chegar ao banco também foi estranho para a família. “Lá os caixas são na calçada”, comenta. 
Sobre a cidade de Perth, escolhida justamente pelo alto Índice de Desenvolvimento Humando (IDH), o pai é realista. “Não vou dizer que é o paraíso, também tem excesso de velocidade, motoristas embriagados, pichação, depredação, mas a fiscalização é muito maior”, explica.
Além disso, a cordialidade entre as pessoas e a cobrança para o bom uso do dinheiro são muito fortes. “Todos os espaços públicos têm estrutura completa, com banheiros, praças, quiosques e churrasqueiras. Tem acessibilidade em tudo e o contribuinte exige”, conta. No geral, Roberto diz que as pessoas são mais ativas e, se há uso indevido do dinheiro, a mídia age duramente contra. “Lá os políticos não são autoridades. Temos a clareza de que eles são funcionários do povo e os chamamos pelo primeiro nome e falamos de igual para igual”, coloca.
Os guris ainda destacam que as casas não têm muros ou grades. “A cidade é mais organizada, mais bem estruturada e o transporte público é excelente”, cita Ricardo. O plano de saúde da família serve para cobrir eventuais despesas de transporte ambulatorial ou dentista, o resto é quase totalmente coberto pelo Governo. “Nunca pagamos nada em exames. Quando um médico cobra mais do que o plano de saúde cobra nós só pagamos a diferença”, conta Carla.
Uma situação de Montenegro que não agradou os australianos foi a sujeira nas ruas no dia da eleição. “Lá se usam bandeiras e até tem santinhos, mas eles nos entregam na mão. Para votar, tem que levar uma caneta e preencher uma cédula enorme”, relata. No primeiro voto de Carla na Austrália, seu nome não constava na lista de eleitores e ela teve que preencher a cédula e colocar o voto dentro de um envelope. 
O custo de vida, segundo eles, é alto, mas semelhante com o do Brasil. A grande diferença é o retorno oferecido em estrutura e serviços. “O custo de vida é proporcional com o que se recebe em troca. São elas por elas”, diz Carla.
A família define a Austrália como um país do tamanho do Brasil com um décimo dos habitantes. De fato, o Brasil tem 8 515 767,049 km² de área e tem 200 milhões de habitantes, enquanto a Austrália tem 7 692 024 km² de área e só 23 717 893 habitantes. 
Quando questionados sobre os programas assistenciais na Austrália, a família contou que até pouco tempo havia um incentivo para que os casais tivessem filhos. Para cada criança, o governo dava US$ 5 mil. “Lá temos que comprovar a renda e as famílias que estiverem abaixo de um determinado valor, recebem uma quantia para complementar”, explica Carla. 

As saudades dos Müller
Desde que foram para a Austrália, uma vez por semana o pai liga para falar com a sua mãe. Além disso, acessa o site do Jornal Ibiá para se manter informado sobre as notícias de Montenegro. 
Para os meninos da família, o contato com os amigos brasileiros foi se perdendo aos poucos, mas ao chegar em Montenegro de novo, ficaram feliz em rever rostos conhecidos. “Fomos nos distanciando dos amigos, mas nos receberam como se nunca tivéssemos saído daqui. Um amigo até foi ficar conosco um tempo na Austrália”, conta Gabriel.
A família, que sempre toma chimarrão na casa em Perth, sente falta de muitas coisas que tinha aqui no Sul do Brasil. “Os parentes e amigos são o principal, mas tem comidas como o X e Pastel que não existem lá”, brincam.  Volta e meia, eles encontram lojas especializadas onde comprar feijão, paçoca, goiabada e guaraná. “Até Brahma eu já achei”, conta o pai.
Depois da experiência e do conhecimento adquirido, a família dá a dica para quem quer mudar de vida completamente da mesma forma que eles. “É crucial estar disposto a desapegar e ter ciência que vai estar longe. Você cai no desconhecido e tem que recomeçar. Não é fácil”, revela. O grande trunfo dos Müller é que eles não enfrentaram o desconhecido sozinhos, mas sim, se apoiando na base familiar. “Temos uns aos outros e nos damos suporte”, diz a mãe.
Na mala para a viagem de volta – depois de darem mais um pulinho em Los Angeles -, não vai faltar algumas coisas bem brasileiras das quais eles sentem falta. “Bombons e Bis têm que ter”, brinca Carla. “Pingo d’ouro também”, completa Beto. “Ah, e o Xis do Hiper”, conclui a mãe. 
   

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Rumo à Cidadania


Completamos o quarto aniversário de nossa mudança, coincidindo com o Austrália Day, no dia 26 de Janeiro.
Por incrível que pareça foram 4 anos que passaram rápido, mas que ao mesmo tempo foram suficientes para conquistarmos nosso espaço aqui na Austrália.

Os problemas iniciais de adaptação já ficaram para trás e sempre rendem boas risadas quando lembramos dos nosso primeiros dias aqui.

Tanto eu quanto a Carla estamos em nosso segundo emprego, agora já muito mais próximos daquilo que gostamos e que costumávamos fazer no Brasil.

Os guris continuam felizmente tendo um desempenho excelente na escola, de onde recebemos regularmente comentários positivos.

Fizemos novos amigos entre brasileiros que já estavam aqui e outros que foram chegando nestes 4 anos, além de colegas de trabalho.
Acabamos fazendo novos amigos também através do Blog, o que por si só já valeu o tempo que dediquei contando um pouco da nossa experência.

Durante estes 4 anos estivemos duas vezes no Brasil, a última em Outubro passado.
É interessante a sensação de voltar ao Brasil depois de quase 4 anos.
Foi bom para encontrar familiares e velhos amigos, e andar por alguns lugares que trazem boas lembranças, mas agora nossa casa, nosso lugar, é aqui. É aqui que trabalhamos, estudamos e aproveitamos a vida.

Além de termos conquistado uma relativa tranquilidade financeira, aqui ganhamos também algumas coisa que, como diz o comercial do cartão de crédito, “não tem preço”. Coisas como morar em uma cidade grande, com traquilidade e segurança de cidade pequena. Coisas como ir ao trabalho usando transporte público, podendo usar um tablet ou iPhone sem ter medo de ser assaltado. Andar de carro sem se preocupar em trancar janelas e portas, não importando local ou hora do dia ou da noite. Ir às praias ou parques e ver tudo muito bem cuidado, podendo usar churrasqueiras públicas gratuitas (e que funcionam). E por aí vai.

Mas voltando ao nosso aniversário de Austrália, com 4 anos completados, dei entrada com nosso pedido de cidadania.
Dentro de alguns meses devemos nos tornar cidadãos australianos e com isto poderemos ter um passaporte e o direito de votar.
Iremos manter a cidadania brasileira pois ambos os países aceitam dupla cidadania.

Com relação ao Blog, já está difícil de manter atualizado, seja por falta de tempo ou mesmo por já não ter muitas novidades prá contar uma vez que a vida segue num ritmo normal hoje em dia.

Independente disto, volta e meia ainda tem gente que me contata através do Blog, por vontade de mudar para a Austrália ou solicitar informações sobre o processo de imigração.

Quanto ao processo de imigração, infelizmente não tenho mais como ajudar pois o processo mudou completamente desde que passamos pelo nosso em 2007/2008. Minha recomendação é de buscar informações no site da imigração ou em fóruns na internet.

Estou a disposição, entretanto, para fornecer informações sobre o país, ou sobre nossas experiências e como “sobrevivemos” nesta virada radical em nossa vida J
E novos amigos são sempre bem vindos.

Abraços a todos