terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Comprando Casa na Austrália

Tá faltando tempo... ...prá escrever no Blog!

Depois que mudamos prá casa nova a correria não parou mais.
Em seguida veio o Natal, minha mãe chegou para nos visitar e o Ano Novo também passou.
No final de Janeiro a mãe foi embora.
As aulas dos guris começaram dia 01 de Fevereiro e agora a Carla está trabalhando em turno integral.

Com tudo isto rolando, estamos tentando ajeitar a casa aos poucos e fazendo muita coisa no estilo DIY (Do It Yourself) ou "Faça você mesmo".
Eu gosto de praticar minhas habilidades de "faz-tudo" e aos poucos vou também adquirindo as ferramentas que preciso, pois a única ferramenta que trouxe do Brasil foi um canivete...
Mas para quem gosta como eu, ter lojas da Bunnings por perto é como poder ir à Disneylândia todos os dias eh eh eh

Aqui se encontra ferramenta prá cada tipo de coisa e o pessoal adora comprar estas coisas.
Até porque é relativamente barato. Um furadeira razoável custa na faixa de 40 a 50 dólares. Uma Bosch ou Makita fica na faixa de 80.

E agora na casa nova, com um shed bem espaçoso à minha disposição, ninguém me segura... rsrsrs

Mas já que estamos falando de casa, prometi num post anterior que iria comentar algo sobre o mercado imobiliário e como comprar casa por aqui.
Para quem vai começar nesta "jornada", minha recomendação é de primeiro conhecer um pouco sobre os bairros e sobre o mercado em si. Nesta hora vale contato com amigos, pesquisas na internet, Google Earth e se possível visitar in loco os bairros.
Ao considerar lugares para morar é preciso levar em conta alguns fatores, como por exemplo:

* Comércio - Aqui não tem mercadinho de esquina e as lojas e mercados ficam todas juntas em blocos comerciais (pequenos ou grandes, dependendo do bairro) ou shoppings centers.
* Escolas - Para matricular as crianças em escola pública é preciso comprovar que mora na região abrangida pela escola.
* Transporte - Recomendo ver se tem paradas de ônibus/trem por perto.
* Trabalho - Se possível, arrumar algo perto do local de trabalho. Nós demos sorte neste ponto pois acabamos arrumando o trabalho perto de casa.


Bom, cada caso é um caso e tem gente que vai priorizar mais algum ponto ou outro.
Depois de escolhido o(s) bairro(s), o negócio é procurar algumas casas prá olhar.
Acho que a melhor alternativa é olhar nos sites de anúncios, selecionar algumas opções e depois ir olhar as casas de perto. O site mais utilizado é o www.realestate.com.au

Mas aí começam alguns detalhes interessantes que a gente descobriu na marra...

O mercado imobiliário está sempre em evidência e aquecido. É assunto frequente em noticiários da TV e em conversas entre amigos e colegas de trabalho.
Os anúncios são colocados em sites de vendas, jornais, panfletos e em placas enormes na frente das casas.

Quando começamos a observar melhor, vimos que muitos anúncios tinham escrito "Under Offer" (em oferta) e preços "From AU$..." (a partir de $...) e achávamos que eram casos tipo leilão e levava quem fizésse a melhor oferta.
Bastou ir até a primeira imobiliária para entender do que se tratava.
O esquema funciona assim: A pessoa interessada precisa descobrir quais os dias e horários de visita disponíveis para a casa em questão. Por exemplo: Domingo, das 13:00 as 13:25. É assim mesmo, não é brincadeira.
No horário disponível, o corretor chega, abre a casa e os interessados vão vistoriar o imóvel.
A gente entra junto com um bando de gente e vai andando por toda a casa.
Em caso de alguma dúvida é só perguntar para o corretor. Se não tiver interesse é só ir embora para olhar a próxima casa.
Caso tenha interesse real, conversa com o corretor e faz sua oferta pelo imóvel, num valor coerente com o anunciado, mas vale também dar uma "choradinha".

O corretor registra a oferta formalmente num documento padronizado, quase um pré-contrato. Neste documento podem inclusive constar algumas restrições ao negócio, como por exemplo pedir que o vendedor conserte algo na casa primeiro.
O corretor apresenta então a oferta ao vendedor, que pode aprovar ou não a oferta, ou se houver mais de um potencial comprador pode escolher a oferta que melhor lhe convier.

O corretor faz o meio de campo até que as partes entrem em consenso.
Felizmente no nosso caso foi bem tranquilo e o vendedor aceitou nossa primeira proposta. Chegou a dar um nervoso de saber que estávamos "realmente" comprando uma casa. rsrsrs

Geralmente o comprador dá um "sinal" para garantir o interesse. Nós entramos com 1000 pilas.

Quando chega neste ponto, o imóvel anunciado passa para a situação de "Under Offer".
Agora já está dando prá entender melhor né...

O comprador então tem 30 dias para dar jeito de arrumar o dinheiro para comprar o imóvel, seja recurso próprio, recorrendo a financiamento, pedindo pro cunhado ou assaltando um banco.

O imóvel continua anunciado (na internet, com a placa na frente da casa, em jornais, etc) só que agora todo mundo sabe que está em negociação.
Acho que eles mantém os anúncios pois deve ter muita gente que tem o pedido de financiamento negado e o imóvel volta a ficar disponível.

Mais uma vez, no nosso caso não houve complicações. Apresentamos toda a documentação requerida pelo banco para obter o financiamento. Uma parte a gente pagou com economias trazidas da nossa outra vida no Brasil.

Bom tem mais uma coisa bem particular. No momento em que se fecha o contrato da oferta, o corretor já nos indicou uma Settlement Agency (ou agência de assentamento), que é um tipo de despachante que providencia toda a documentação necessária e checa todos os requisitos para a negociação. O vendedor também tem a sua agência, que pode ser a mesma ou uma outra diferente.

Daí começa uma jogada entre Comprador - Banco - Agência - Corretor - Vendedor.
E por incrível que pareça funciona muito bem mesmo. Eu só sei que de vez em quando me ligavam prá assinar algum papel. Ainda bem que tem este facilitador pois do jeito que eles gostam de uma burocracia por aqui...

Só sei que no dia combinado para nossa "posse" na nova casa, o banco já transferiu a quantia destinada ao vendedor, tudo automaticamente.

E para finalizar, para cidadãos Australianos ou pessoas com visto de Residentes Permanentes (nosso caso) o governo dá incentivos para a compra do primeiro imóvel.
Com isto nós ganhamos AU$ 10500 do governo e isenção de pagamento da taxa de transferência do imóvel, que deve ser mais uns AU$ 20000.
Nada mal prá quem chegou por aqui a menos de um ano, pois no Brasil paguei imposto a vida toda e nunca ganhei nem bolsa família eh eh eh



Agora é só curtir a casa e quando tiver tempo dar uma arrumada no shed...